31 de março de 2009

Capítulo 8

A campainha da porta soava destrambelhada. Já estarrr indo, calma! E quanto mais Morrice dizia que estava prestes a atender seja quem quer que fosse, mais ela tocava. Ao abrir a porta, Morrice deu de cara com Sofia pulando em seu pescoço enquanto entrelaçava as pernas na cintura dele, beijava-o em todo o rosto. Eu tô morrendo de tesão, Morrice, penso em você a cada milésimo de segundo. O francês meio sem graça disse: “Sofia, comporte-se, estou com visitas”. Aquelas palavras soaram para Sofia como um balde de água fria e coberto com muito gelo. Sofia parou de beijar Morrice e percebeu que alguém a olhava fortemente. Virou o rosto e deu de cara com uma jovem loira, cabelos compridos, pele queimada do sol e insuportavelmente sorridente. Um sorriso falso. Meu sexto sentido é foda, Deus me livre, mas eu não fui com a cara dessa vaca, pensou. Sofia, essa é Beatrice. Bia, essa é Sofia.

Beatrice encarou Sofia e sem cerimônias soltou: “até que enfim que conheço a famosa Sofia”. Aquele ar de miss simpatia de Beatrice e seu sotaque carioca, irritava Sofia completamente. Sofia olhou para ela de cima para baixo e depois de baixo para cima. A vaca tinha um corpo escultural. Famosa, eu?! Intriga da oposição, querida... mas quem é você e o que faz aqui com meu namorado a estas horas da noite? Sofia se jogou no sofá e colocou os pés em cima da mesa de centro. Morrice pressentiu que o clima podia começar a esquentar e explicou para Sofia que Bia era uma amiga de longa data. Ele tinha conhecido-a quando ela estava de passeio em Paris e fora na casa de Bia que ele ficará hospedado no último carnaval. Ah! Que interessante... Sofia olhava para Beatrice com um leve ar de deboche. E vocês, por acaso, transaram? Morrice, meio atônito e sem esperar por tal pergunta acabou derrubando um molho de chaves que estava segurando. Transaram?! Insistiu Sofia olhando desta vez para Morrice. Você enlouqueceu Sofia? Entra na minha casa, vêm sem me avisar e quer fazer uma amiga minha constrangida? Beatrice continuava olhando para Sofia sem dar uma palavra, mas agora com um sorriso levemente sarcástico. Morrice andava de um lado para o outro da sala. Louca? Eu?! Sofia levantou-se e caminhou em direção à convidada. Não, Morrice, por enquanto eu só estou fazendo perguntas diretas e gostaria de respostas tão sinceras quanto. Beatrice ia falar algo quando Sofia aumentou o tom da voz e continuou a falar. Loucura vai ser quando eu mudar o tom da conversa ou se eu saísse quebrando tudo por aqui, o que convenhamos, acho que não é o caso.

Beatrice pegou sua bolsa e fez um sinal de que ligaria para Morrice mais tarde, abriu a porta e saiu sem se despedir de ninguém. Ele olhou um tanto quando bravo para Sofia. Olha, só, Morrice, um é pouco, dois é bom e três é demais, mas no dia que você quiser fazer uma ménage à trois, me avisa com antecedência que eu trago uns brinquedinhos maravilhosos para esquentar essa relação. Morrice ficou estático olhando para Sofia, sem ao menos piscar os olhos. Por mim ela já vai tarde... ah! E pro seu conhecimento, eu não tenho um pingo de medo desse seu olhar bravo e francês, ta! Ao contrário, ele até me excita. Sofia chegou sua boca carnuda bem próximo ao rosto de Morrice. Ele sentiu a respiração dela e deu um passo para trás. Morrice disse que não entendia o porquê de Sofia ter feito toda aquela cena, não existia motivo palpável para aquilo tudo. Sofia retrucou dizendo-lhe que nunca ele duvidasse do sexto sentido que uma mulher tinha para com outra. Morrice, mulher sente e isso basta. Vocês homens nunca serão capazes de entender isso...

Morrice sentou-se no sofá e passou a mão em seus cabelos. Sofia vagarosamente aproximou-se dele. Repentinamente, Morrice se levantou. Sofia, como se nada tivesse acontecido, pulou nos braços dele, entrelaçou suas pernas na cintura dele e começou a beijá-lo. Vamos começar de onde paramos Morrice, estava muito melhor do que toda essa discussão. E, então, Sofia retomou os beijos nele enquanto sussurrava no ouvido. Morrice, diga que você ama a minha xoxotinha cor de rosa. Diga que você tem verdadeira loucura pelos meus seios cor de rosa. Morrice inicialmente relutante, cedia aos caprichos de Sofia e fazia, então, o que ela pedira. O casal acabou, sem nenhuma cerimônia, transando ali mesmo na sala.

30 de março de 2009

Uma mulher de vestido preto

A peça "Uma mulher vestida de preto" tem um texto divertido, simples, inteligente e recheado com bons ingredientes para se dar gostosas risadas: a cartomante, a sócia, a prima Mirtes, o personal (todos na pele de Nilton Bicudo que está ma-ra-vi-lho-so) e, óbvio, a dona da história: Cleusa Maria na atuação de Cristina Mutarelli. A história de Cleusa Maria, mãe e empresária bem sucedida, é cheia de conflitos numa trajetória em busca do amor. Uma das frases que melhor resume para mim esta comédia é "pessoa mal caráter a gente conhece logo: deixa a sobremesa no prato". Hilário! Uma curiosidade é que depois que o autor, Jorge Félix, mandou o texto para Paulo Autran, ele se interessou em dirigir a mesma. Não conseguiu. A peça estreiou tem duas semanas e vale muito à pena ver. Ela está no Teatro Alfa.

29 de março de 2009

Laudelina, a doméstica

Este curta tem uma estrutura mediana e o roteiro foi bem escrito. A frase dita pelo Roberval "sou um carnívoro em potencial" já subentende tudo o que poderá acontecer nessa trama. O único incômodo é a atuação de Ivan Matvichuc (o Roberval) que é muito mais teatral do que cinematográfia, mas isso não invalida a idéia do curta-metragem em si. Tá valendo!

Agnela

Déia (vocal), Milla (baixo), Nath (guitarra), Beta (guitarra) e Loma (bateria) se conheceram pela internet e montaram uma banda de rock chamada Pruf. Dentre 5.800 bandas que se inscreveram no concurso “Olha Minha Banda” do programa do Luciano Hulk, Pruf, depois da produção de Rick Bonadio, virou Agnela. Uma bela e emocionante homenagem ao maior fã e incentivador da banda: o “Tio Agnelo”, pai da guitarrista Nath. A atitude pop rock das meninas virou a trilha sonora de Malhação. As meninas são bonitas, tem presença e muito talento. Para curtir um pouco mais do som das moiçolas, é só chegar e escutar no http://www.myspace.com/agnelaoficial. Acho que elas já nasceram com a cara do sucesso...

25 de março de 2009

Turma da Mônica em “Boas Maneiras”

Ah! Essa é para relembrar a infância... Que tal matarmos saudades dos quadrinhos mais famosos do Brasil? Nesta animação tem de tudo, inclusive a clássica confusão de sempre destes personagens pra lá de queridos.


24 de março de 2009

Alma Perdida


Se você gosta do gênero terror/ suspense, "Alma Perdida" é um filme tipicamente americano, linear e mediano. Casey Beldon (Odette Yustman) tem sonhos implacáveis e por um fantasma que a assombra. Com a ajuda do o rabino Sendak se vê envolvida em uma maldição familiar que teve início na Alemanha nazista: alguém que nunca nasceu, mas agora quer nascer. Dá pra você tomar uns sustinhos e ficar tenso vez em quando, mas sem muito exagero. O roteiro é fraco e tem falhas, como por exemplo, o pai que aparece apenas para dizer que a filha é gêmea e depois a deixa ao Deus dará... Essa foi a minha impressão. A idéia do roteiro, apesar de tudo, é boa, mas poderia ser melhor trabalhada, tenho certeza. Mas o filme é compensado por boas imagens visuais, principalmente as do começo e a do final. É bom esclarecer que algumas das cenas de terror chegam a ser previsíveis, como as luzes que se apagam ou as do espelho, mas enfim, se você realmente não tiver nada melhor pra fazer, vá lá, confira, mas não diga que eu não avisei...

Comer, rezar e amar



O livro trata-se da busca de uma mulher por todas as coisas da vida na Itália (comer), na Índia (rezar) e na Indonésia (amar). A autora, Elizabeth Gilbert, demitiu-se do emprego e partiu para uma viagem de um ano pelo mundo. Em cada um destes lugares, ela aprendeu e se encontrou de forma diferente. O livro foi escolhido pelo New York Times como um dos cem melhores livros de 2006. Ele é simples, mas, sinceramente, das duas uma: ou criei uma expectativa muito maior em cima dele, ou, ele de fato não é lá esta coca-cola toda. No fundo, no fundo, achei que a autora faltou aprofundar-se em suas buscas... Enfim, tem que ler pra saber. Pra mim, ele é um livro mediano, mas nem por isso ruim.

20 de março de 2009

A entrega – O filme

Buda é um motoboy que recebeu a ligação de Leôncia, sua namorada, propondo um convite especial, porém o chefe lhe pediu pra fazer uma última entrega de emergência, começando, assim grandes complicações. Este curta é de alunos da Faculdade Estácio de Sá, de Belo Horizonte. Não sei especificamente qual era a proposta do exercício, mas apesar de a idéia ser boa, ele acaba se tornando fraco no desenrolar da história. A produção não é de se jogar fora, acho que, de fato, faltou um roteiro melhor embasado/ argumentado. Pra não ficar apenas com a minha mera opinião, dê uma olhadinha, afinal, para aprendermos o que é bom, temos que contemplar o que foi feito de ruim também...

19 de março de 2009

Dicionário de humor infantil



“Boca é a garagem da língua”, “Dizem que Colombo botou um ovo em pé. Eu não boto nem sentado” e “Quando mentira dá certo, vira verdade, né?” são algumas das muitas expressões infantis espontâneas que foram reunidas por Pedro Bloch, médico e escritor. Para quem gosta de criança é um prato cheio, pois se pararmos para pensar, o raciocínio tem uma lógica cativante. Duas das minhas favoritas são quando o assunto é Deus e as crianças categóricas ou questionadoras soltam: “Construiu o Brasil, Adão e Eva. E pronto.”, e, “Mãe, Deus tem família ou o coitado vive só?”. Maravilhoso!

17 de março de 2009

Playmobil

E quem já não brincou de Playmobil nessa vida, não imagina nem o que seja um Forte Apache. Brincadeiras à parte, a febre dos bonecos pela internet vai deixando rastros engraçadíssimos. Esta animação traz a notável cena sobre o conceito de estratégia do filme Tropa de Elite. É, diria, inenarrável. O cenário é tosco, apesar de a voz ser original do filme. É uma pena que os bonecos não têm expressões faciais, mas a idéia dá pra divertir um pouco.

Adriana Peixoto

Ouvir Saudosa Maloca, de Adoniran Barbosa, pode até parecer velho para os mais desavisados. Na voz gostosa e disciplinada de Adriana Peixoto, a versão da música fica ainda mais moderna. É só se atentar para a participação singular de cada instrumento que num contexto geral traduz um pouco do suingue cubano do pianista Yaniel Matos.

Em suma, não é porque a moça é sobrinha de Cauby e filha do famoso pistonista Araken Peixoto, que não tem talento. Aliás, talento e musicalidade são características que lhe sobram. Não é pra menos, com vasta experiência na noite, a moiçola é autodidata. E, nessa sua escola particular, Adriana se inspira em nada mais, nada menos que Elis Regina (que eu simplesmente a-do-ro!) e Elizeth Cardoso. No repertório nada comercial do seu CD, tem samba, samba-canção e samba-rock. Aqui, no show em São Paulo, no Café Paon, podemos ver seu desempenho musical pra lá de aprovado.



E para quem quiser saber mais um pouco dela, basta acessar http://www.adrianapeixoto.com/

16 de março de 2009

Capítulo 7

O carro não queria ligar de jeito algum. Papai, vem aqui fora me ajudar! Pedro abriu a porta e balançou a cabeça. Voltou para dentro de casa e saiu com uma maleta de ferramentas na mão. Esse carro está velho, papai. Pedro olhou para Sofia com uma cara feia e imediatamente ela pediu desculpas. Na verdade, quem está velha sou eu. Os dois se olharam e riram. Sofia, eu acho melhor você não sair com ele hoje. Sofia fez uma cara de decepção. Isso pode acontecer novamente, Sofia, e já está ficando de noite. Sofia tirou a bolsa do carro e colocou-a atravessada em seu ombro. Entrou em casa e ligou do celular para Kai. Foi até a cozinha e viu que Mahya preparava um café. Estava cheiroso. Abriu o armário e pegou uma xícara. Olhou para a mãe. Posso? Mahya olhou para Sofia e disse: “eu também quero, pegue duas. Veja se seu pai não quer também?”. Sofia foi procurar Pedro pela casa. Voltou sozinha. Enquanto tomavam café na cozinha, Mahya contava para Sofia algumas histórias de sua mãe que ela não chegou a conhecer. Naquele tempo, o pai dela, meu avô, era diplomata, e então, praticamente ela conheceu o mundo todo. Mahya deu um gole no café. Mas o lugar mesmo que ela se apaixonou foi o Hawai. Ela conheceu um nativo. Ele era poeta e então meu avô achava que ele não tinha futuro, mas ela se encantou tanto por ele que deixou seu bisavô louco de tanta estripulia que fez. Mahya pigarreou. O poeta chamava minha mãe de “anjo do campo”. Mas quando o negócio começou a ficar sério demais, meu avô pediu para voltar de vez pro Brasil. Mas minha mãe nunca conseguiu esquecer este havaiano e mesmo depois de casada com meu pai colocou o meu nome de Mahya. Sofia olhou para a mãe surpresa, nunca na vida, Mahya tinha te contado uma história tão bonita de sua avó. Mas então, Mahya é um nome de origem havaiana? Sim, Sofia, e significa “anjo do campo”. As duas ficaram se olhando um tempão sem falar nada. E quando Sofia, de fato, tomou coragem para perguntar, a buzina de Kai ecoou em frente à sua casa. Mahya foi até a sala e abriu levemente a cortina. Ela viu Kai em pé ao lado do carro. Acenou para ele e Kai retribuiu à Mahya com um sorriso. Sofia deu um beijo na mãe. Mahya, o café estava maravilhoso, nós precisamos repetir isso mais vezes.

Kai e Sofia assim que entraram no espaço viram uma sala um pouco escura onde se via um livro voando. Na verdade, o livro estava dentro de um grande recipiente e era impulsionado por uma pequena bomba que fazia com que o líquido move-se, dando, assim, uma impressão de que o livro estava voando. O livro, com o movimento do líquido bailava pelo espaço restrito sob a luz azulada do receptáculo. Com certeza, essa porra não deve ser água, Kai, isso aí é algum líquido especial, pois as páginas do livro não se dissolvem. Eles olhavam de cima pra baixo e de baixo pra cima como quem tentasse descobrir algo a mais que estava por trás daquela geringonça. Em outro espaço, muito maior e mais escuro do que o primeiro, via-se ao fundo uma enorme prateleira de livros com pouca iluminação. Os livros eram de madeira e à medida que se tirava um deles da prateleira, acionava alguma espécie de dispositivo e o livro começava a falar. Cada livro tinha uma voz e uma história diferente. Os visitantes abriam-nos ao mesmo tempo e o resultado final mais parecia uma barafunda de palavras do que uma história ordenada. Alguns dos muitos elementos eram simples em sua maioria e feitos com objetos do dia-a-dia. Kai puxou Sofia e mostrou-lhe um mini-robô que desenhava com vários lápis de cor aleatoriamente algo, não se sabia exatamente o que era, mas era estranho e ao mesmo tempo curioso. Na parede algumas das obras deste mini-robô eram expostas ao público.

Os amigos rodaram toda a exposição quando resolveram sentar num dos bancos que tinha dentro de uma das salas. Eles estavam cansados. Kai apertou levemente o braço de Sofia e mostrou pra ela um homem. Ele devia ter por volta de seus quarenta anos e tinha um cabelo meio mal arrumado. O homem estava de pé, em frente a um extintor de incêndio com uma espécie de pano sujo quase no topo. Hora parecia um anjo, hora parecia uma vasta cabeleireira do extintor. O objeto localizava-se entre uma obra e outra. Vamos dar um apoio moral a ele, Kai? Sofia, isso é muita maldade. Sofia levantou-se e dirigindo-se a Kai disse: você me mostrou o homem, Kai, agora agüente, afinal, how bad do you want to be good? Os dois riram, mas, mesmo cansados, se levantaram e se posicionaram ao lado do homem. O cara com os braços cruzados, vez em quando apoiava o seu queixo em uma de suas mãos com ar meio intelectual. Cerca de máximo uns dois minutos depois, algumas pessoas começaram a se aglomerar em volta do extintor. Eu não estou acreditando que isso esteja acontecendo, Kai?! Os dois riram. Vamos embora, não vou ficar aqui pra pagar este mico. Não, fica, Kai, está muito engraçada esta cena. E mais pessoas começaram a parar e olhar o extintor. O homem continuava lá, em local privilegiado aos demais. Ele era sisudo parecia que via algo a mais na obra que os reles mortais não viam. Um guarda foi se aproximando devagar e sem cerimônia, arrancou o pano sujo do extintor. As pessoas que estavam em volta saíram rapidamente, algumas rindo e outras envergonhadas. O homem saiu rindo de si e balançando a cabeça como quem não estava acreditando no que acontecera.

Kai e Sofia decidiram terminar a visita à exposição com aquela cena inesquecível e antológica. E, então, resolveram “comer água” num dos inúmeros bares na vila madalena. Sofia estava desejando um bolinho de bacalhau com alho poro. Enquanto ela ouvia Kai falar sobre o seu dia no trabalho, não parava de pensar em Mahya e na história do anjo do campo. Mesmo desconcentrada no que Kai contava, fingiu que havia interesse e preferiu não dividir nada sobre aquele assunto com o amigo. Amanhã sempre será outro dia e quem sabe ela assimilaria de outra forma aquele fato.

14 de março de 2009

As vidas de Chico Xavier

Dizem que ele viveu 92 anos no limite: com um pé na terra e outro no além. Para muitos, ele é um santo. Para outros, um personagem intrigante. Médium, ele foi eleito um dos brasileiros mais importantes do século XX. Indicado para o Prêmio Nobel da Paz, foi desprezado por intelectuais e adulado por poderosos. Porque será? Só lendo “As vidas de Chico Xavier”, de Marcel Souto Maior, para entender este fenômeno. É instigante, mesmo para quem é católico ou crente!
A última que corre no mercado cinematográfico é que logo, logo poderemos assistir a um filme sobre Chico Xavier e, coincidência ou não, quem irá interpretá-lo é o ator Nelson Xavier (ele também fez Lampião no cinema), que há cinco anos administra um câncer e foi por causa desta doença que teve oportunidade de conhecer a obra do famoso médium. O filme será dirigido pelo Daniel Filho, mas se você já quiser ir conhecendo e se aprofundando um pouco mais nesta vida e obra deste Chico, vale à pena ler o livro por hora, pois ao que tudo indica o filme só vai estrear em abril de 2010.

11 de março de 2009

Adeus amor

Muito bem feito este curta-metragem de Felipe Zordan. Uma verdadeira homenagem ao eterno vagabundo de Charlie Chaplin.

Chá das cinco com Aristóteles


Quem leu O retrato de Dorian Gray e gostou de Oscar Wilde com certeza vai se deleitar com o “Chá das cinco”. São inúmeros textos, resenhas, artigos e pequenos ensaios do crítico Wilde tais como “Hamlet no Lyceum”, “Um manual para o casamento”, “O novo presidente” além do texto homônimo da obra. Nada profundo, mas dá pra se divertir com a ironia fina do autor, definitivamente saborosa. O charme da questão é que nestes textos ele joga com um sarcasmo maravilhoso frente aos literários, artísticos e sociais da época. Notem: sua atualidade é impressionante. É bom lembrar que Oscar Wilde além de ter escrito o famoso romance do personagem Dorian Gray foi admirável crítico de literatura, arte e costumes.

Dúvida

Na escola St. Nicholas, o padre Flynn (Philip Seymour Hoffman) é acusado, sem nenhuma evidencia pela irmã Aloysius Beauvier (Meryl Streep) de seduzir o primeiro aluno negro, Donald Miller. A irmã Aloysius empreende todas as suas forças para descobrir a verdade e banir o padre da escola. O que mais me impressionou neste filme foi o texto. Os diálogos surpreendentes bailavam nas bocas dos personagens como se fossem a última dança. Com ele, a psique de cada um estava muito bem definida. Os ícones Cristãos eram expostos na medida certa, sem excessos, mas fortes e plausíveis como o filme em si. A atuação de Meryl Streep estava impecável, mas a cena final em que a sua personagem desmonta toda uma personalidade intolerante é um verdadeiro show de talento. Apesar disso, de fato, o Oscar de melhor atriz ficou em boas mãos.

10 de março de 2009

Irmã Dulce, o anjo bom da Bahia


Irmã Dulce, o anjo bom da Bahia, de Gaetano Passarelli é um livro memorável. Quando você acaba de lê-lo, você tem vontade que ele descubra e nos conte mais sobre a trajetória dessa Irmã que tanto serviu e amou a Bahia. Dentro algumas fotos ilustram momentos especiais, tais como o primeiro encontro com o papa João Paulo II em 1980, Irmã Dulce tocando sanfona, ou ainda, uma multidão despedindo-se dela no seu enterro em 1992. Você não precisa ter fé para ler este livro, basta ter curiosidade para saber quem foi esta ilustre mulher.

Quem quer ser um milionário?

Jamal é um jovem pobre que está prestes a se tornar um milionário. A dúvida é se ele está trapaceando, tendo sorte ou o quê? O filme é simples em sua fórmula, mas doce como história. Jamal é persistente, mas suave. Ele endurece com o tempo (até mesmo em suas expressões por conta de toda a sua trajetória de vida), mas sua essência e índoles permanecem intactas. E eu acho que daí está o sucesso. A cada pergunta do jogo, existe uma parte de sua vida contada pelas suas respostas. É poético e realista, um paradoxo. Por mostrar uma parte da Índia que sabemos que existe, mas preferimos não acreditar que está ali, o filme acaba se parecendo, em alguns momentos, com Cidade de Deus, inclusive esteticamente falando. Já adianto que não tem nada a ver com aquela Índia que passa na TV Globo. “Quem quer ser um milionário?” tem uma magia intrínseca. E o final você até fica com a garganta embargada, não necessariamente chora, mas dá aquela travada. Merecido o Oscar!

6 de março de 2009

Capítulo 6

O telefone tocava insistentemente e não tinha um filho da puta que pudesse atendê-lo. Sofia, meio cambaleando, um olho fechado e outro aberto, foi em direção do aparelho. Parecia que estava bêbada, mas não estava. O telefone não parava de tocar. No meio do corredor tinha um taco solto. Ela tropeçou e deu com a cara no chão. Puta que pariu! O joelho doía. Essa merda vai ficar roxa, já estou vendo. Quando alcançou o telefone, ele parou de tocar. Sofia deu um grito pra extravasar a raiva e a dor que sentia. O silêncio na casa imperava. Mahya!? Papai!? Ninguém respondia. Ela devia estar sozinha em casa. Para onde será que eles foram? Foi até o banheiro, sentou-se no vaso sanitário e a cada tanto de xixi que saía, parecia-lhe que ia dando um alivio em todo o seu corpo. Olhou para o lado e percebeu que não tinha papel higiênico. Ah! Só me faltava essa agora... Ela começou a se sacudir no vaso na intenção de que os últimos pingos de xixi fossem embora. O celular dela começou a tocar. Num rompante, ela se levantou, colocou a mão embaixo de sua genitália, na tentativa de evitar que caísse no chão algum pingo de urina perdido entre uma sacudidela e outra, deu dois passos em direção ao armário do banheiro e pegou o papel higiênico. O celular teimava em tocar. Já estou indo! Sofia gritou, como se alguém do outro lado da linha telefônica pudesse escutar. Saiu correndo para o quarto enquanto subia a calcinha. Olhou no visor e toda melosa atendeu o celular. Alô?! Era Morrice. Ele quis saber como tinha sido o carnaval de Sofia e contou um pouco do que assistiu nas escolas de samba do Rio. Morrice estava maravilhado com todo aquele espetáculo. Ele pediu desculpas para Sofia, mas não poderia vê-la durante o dia, tinha uma reunião marcada com o seu orientador para discutir um pouco mais de sua tese. Mas em pleno sábado, Morrice?! É Sofia, quem faz mestrado estuda muito e têm que se dedicar, além do mais, meu coordenador só pode falar comigo agora pela manhã. Combinaram, então, de sair à noite.

Sofia foi até a janela da sala e viu o carro de Pedro estacionado na porta. Não entendeu nada. Sofia ligou pro celular de Mahya. Mahya, onde vocês estão? Mahya disse que estava na casa da vizinha Yara, esperando ela acordar para que pudesse levá-la ao supermercado. Sofia lembrou que Yara tinha um filho lindo, Marcos. Ele vivia pelas ruas da vila madalena andando de skate com seus amigos e expondo seu bíceps, tríceps e coxas para quem quisesse ver. Era um garoto descolado. Pena que ele é menor de idade... Foca, Sofia, foca. E papai, Mahya, onde ele foi? Foi jogar dominó com os amigos. Era sempre assim: Pedro jamais deixava Mahya dirigir o carro, pois dizia que ela não conduzia descentemente. E toda vez que ele jogava dominó com os amigos, Sofia tinha que bancar a motorista para Mahya. O problema é que ele só jogava dominó com os amigos quando Mahya tinha que fazer o supermercado do mês. Na opinião de Sofia, Mahya era barbeira mesmo e o pai um tremendo folgado, mas mesmo assim foi se trocar.

Enquanto Mahya fazia as compras da casa, Sofia entretida xeretava todo o corredor de higiene e limpeza, bem como o de cosméticos da loja. Cansou e foi procurar Mahya. De longe, percebeu que um coroa paquerava a mãe. Mahya estava entretida comparando os preços dos extratos de tomate. Sofia chegou ao ouvido dela e disse bem baixinho: “Arrasando corações, hein, Mahya. Deixa só o Pedrão saber disso”. Mahya deu uma olhada em volta e viu o homem olhando disfarçadamente para ela. Desdenhou: “Não faz meu tipo”. Colocaram as compras no carro e ao saírem do estacionamento, outro veículo, em velocidade bastante considerável, deu uma fechada nelas. O sinal fechou e os dois carros ficaram emparelhados. Mahya e Sofia começaram a encarar o motorista do outro carro sem falar nada, apenas reprovando-o com os olhos. O motorista sem nenhuma cerimônia olhou para as duas e debochou. “O que é que estão olhando? Vai sua barbeira, não sabe dirigir, então vai pilotar fogão”. Sofia olhou-o cinicamente e deu uma risada. É que eu sou melhor na cama, seu otário! O sinal abriu. Mahya e Sofia olharam para ele gargalhando. O homem ficou sem reação e sem resposta, mas saiu cantando os pneus.

À noite, Sofia foi se encontrar com Morrice. Ela estava linda, pelo menos aos olhos dele. Ele abraçou-a com muita força. Sofia, o carnaval sem você, pra mim, foi como se eu tivesse numa cama de criança. Ela sorriu e beijou-o. Não podia dizer-lhe o mesmo, mas gostava desse jeito carinhoso e espontâneo que Morrice tinha.

5 de março de 2009

Noivas em guerra


Liv (Kate Hudson) e Emma (Anne Hathaway) são aquelas amigas inseparáveis que desde a infância pensam em se casar no Plaza Hotel, em Nova York. Mas por causa de um erro da empresa organizadora de casamentos, a data reservada é a mesma para as duas amigas e a briga começa pra valer. A idéia é boa, mas, sinceramente, achei que fosse rir mais por se tratar de uma comédia com um tema que rende muito. O filme é morno sem grandes encantamentos. O pior, é que, provavelmente, seja o tipo de filme que a grande maioria do público vá assistir. Bem, se você não tiver nada mais interessante para se fazer na vida, vá lá e confira.

4 de março de 2009

Telepathique

Se você gosta de rock, funk, eletrônico e tecno, então, esqueça de todos os sons e seus rótulos que já ouviu até agora e entre de ouvido (ou cabeça, se preferir) na batida do Telepathique. Mas não esqueça: esta banda brasileira não pode ser rotulada de nada disso. É um som novo, extremamente original e que traz a mistura de todos os ritmos contemporâneos.

Os caras remixaram a trilha de Cidade de Deus e regravaram Madredeus. Precisa de mais alguma recomendação além destas? Aqui eles tocam no aniversário de Bangguru. Demais!

3 de março de 2009

Par de brincos

Muito bom este suspense do pessoal da AIC. Qual o homem que já não fez este tipo de coisa...

1 de março de 2009

Operação Valquíria


Parece-me que há uma onda agora que é mostrar para o mundo que nem todos os alemães concordavam com as atrocidades do nazismo. Para quem gosta de assuntos do universo militar e seus estratagemas sucumbidos nas mais diversas traições, é um bom filme. Senti falta apenas, em termos de produção em si, de mais personagens que sugerissem pelas suas características étnicas, de fato, que o episódio se passava na Alemanha de Hitler. Apesar de a operação em si ter tido princípios pra lá de salutares, mesmo com a conclusão do episódio, não dá pra você sair chorando do cinema. Operação Valquíria é baseado em fatos reais e descreve a ação de um grupo de oficiais que planeja assassinar Hitler. O melhor momento é quando Hitler iria fazer discurso durante uma conferência, a partir daí, o desenrolar da história te pega de jeito, envolve.