6 de junho de 2009

Noivo neurótico, noiva nervosa


Nem todo mundo concorda que Woody Allen é um dos melhores cineastas do mundo. Algumas pessoas não gostam de seus filmes. Pobres coitadas... Elas não têm noção da imensidão de sua obra. Acabei de rever Noivo neurótico, noiva nervosa (em inglês Annie Hall) que nos apresenta um filme bem trabalhado seja em sua diversidade (que vai do besteirol desenfreado à introspecção sombria e séria), seja no tema escolhido (anedonia). As neuroses de Alvy são delineadas desde o inicio do filme quando ele olha diretamente para a câmera e conta piadas que refletem sua vida e filosofia. Alvy é obcecado pela morte e pela culpa. Já Annie tem uma preocupação constante com a sua capacidade intelectual e acha que seu charme é a fragilidade. O desenvolvimento da história flui a partir do lado emocional do protagonista e não com a seqüência de eventos como corriqueiramente encontramos na maioria dos filmes. O final nos surpreende quando o personagem realmente conclui que a tristeza vale à pena.




Parágrafo à parte, anedonia significa a incapacidade de sentir prazer. Aliás, dizem que durante a fase de roteirização e produção da película o título do filme seria Anhedonia, mas os marqueteiros de plantão sinalizaram que talvez não fosse um título capaz de atrair o grande público, foi daí que resolveram mudar.



Os diálogos são perspicazes e vigorosos, tem energia, vida e humor. Se você se atentar melhor ao filme, poderá constatar que os elementos visuais acabam por romper com a ilusão de realidade. Sinceramente, desculpem-me a imposição, mas quem tem anedonia são as pessoas que não gostam de Woody Allen. Noivo neurótico, noiva nervosa ganhou os Oscars de melhor filme, melhor atriz, melhor roteiro e melhor diretor. Além disso, Woody Allen foi indicado para o Oscar de interpretação. Precisa dizer mais?