31 de julho de 2009

Hayfaa Wahbi


Convivendo com alguns colegas árabes, não tenho como ignorar tal cultura. Apesar deste povo que diverge dos nossos costumes e pensamentos, parece-me que, quando se fala de ídolos pop star não há grandes mudanças. Hayfaa foi me indicada como uma sexy girl e uma pop star. Questionei-me logo se ela usaria burcas ou não. Descobri através deles que apesar de cultura árabe, ela é libanesa. E os libaneses não são, parece-me, tão radicais quanto o povo da Arábia Saudita. Assim, depois de conhecê-la, me surpreendi: Hayfaa de fato é sexy, bonita e tem jeito e ritmo de uma verdadeira pop star. Sua música dá vontade de sair dançando, são positivas, pra cima. Mesmo que não se entenda absolutamente nada do que ela canta, você acaba-se por envolver com o olhar da moiçola. Quer conferir?






30 de julho de 2009

As mulheres choradeiras

Três velhinhas trabalham como carpideiras de enterro e velórios. Um belo dia, um corpo desaparece. As mulheres choradeiras são acusadas. Um canto do feitiço? Ou da morte? O tema tinha tudo para ser bom neste curta. Ele dá muito pano pra manga, com certeza. As personagens? Velhas, com uma das profissões mais antigas da humanidade e verdadeiras atrizes. Elementos perfeitos. O roteiro? Fraco e mal explorado. Uma pena...





Prêmios
Melhor Curta no Festival International de Films de Femmes de Créteil 2001


Festivais
Festival de Cinema Brasileiro de Paris 2001
Festival de Gramado 2001
Festival de Guarnicê 2001
Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte 2001
Festival Internacional de Curtas de São Paulo 2000
Molodist - International Short-Film Festival - Kiev 2001
Cine Ceará 2001
Festival de Curtas de Belo Horizonte 2001

29 de julho de 2009

Eu te darei o céu

Uma solteirona comemora mais um aniversário sozinha. Suas amigas então lhe preparam uma grande surpresa: um garoto de programa! André Gonçalves e Nany di Lima estão imperdíveis neste curta. Ela interpreta uma solteirona profissional, mesmo, daquelas com carteirinha e tudo. E ele dá um show com toda sua cafajestice e sensualidade. O contraste entre a aflição de ser solteirona com a criatividade masculina é única. O diálogo é a perfeita tradução da realidade. Algumas frases são merecedoras de Oscar, tais como: “mulher que pensa é uma desgraça” ou ainda um “eu não dou conta”. A comparação entre o fiscal do IBAMA e a aranha em cárcere privado é certeira. Nana de Castro, a roteirista, foi primorosa neste curta. Vale muito à pena ver, mesmo sabendo que se trata de uma ficção do ano de 2005.





Prêmios
Melhor Montagem no Festival de Cinema de Curitiba 2005
Melhor Atriz no Festival de Cinema de Varginha 2005
Melhor Montagem no Festival de Cinema de Varginha 2005
Melhor Ator no Festival de Gramado 2005
Melhor Atriz no Festival de Gramado 2005
Melhor Curta - Júri Popular no Festival de Gramado 2005
Melhor Roteiro no Festival de Gramado 2005
Prêmio Aquisição Porta Curtas no Festival do Rio 2005
Melhor Curta no Festival de Cinema de Cascavel 2005

28 de julho de 2009

Rough Ride

Este curta é sobre os encontros e desencontros do amor. Com uma linguagem visual moderna, a música harmoniza com as imagens numa sintonia perfectível. Diria que, uma primorosa edição! O final é óbvio demais. Enfraquece o filme, sem sombra de dúvidas. Esta película é do pessoal da New York Film Academy.


27 de julho de 2009

Cristo, uma crise na vida de Deus

Jack Miles é ex-jesuíta e doutor em línguas do Oriente Médio pela Universidade de Havard. Então, podemos dizer que a obra é séria. E é. Em “Cristo, uma crise na vida de Deus” ele investiga as razões e necessidades da criação do personagem de Jesus Cristo no Novo Testamento. Então descobrimos, dentre tantas outras coisas, que Cristo surgiu no Novo Testamento como uma solução encontrada por Deus para uma crise política decorrente de quinhentos anos de subjugação do povo de Israel a potências opressoras. É uma interpretação da Bíblia como texto literário e não como um relato histórico. Para quem gosta do assunto, vale muito à pena ler.

24 de julho de 2009

BySTRESS



Pense em uma pessoa “figura”, agora multiplique uma energia gostosa recheada de muita risada. BySTRESS é o nome artístico do português Vitor Manuel da Costa Oliveira que com apenas 31 anos e muita criatividade deixa marca em grandes eventos com suas performances pra lá de inventivas por todo o mundo. Com o conceito cultural de “no STRESS BySTRESS”, Vitor já criou mais de cinqüenta performances, mas teve que reduzir para não mais do que quinze por conta do registro de marcas e patentes. Todas as suas apresentações são criadas com base no uso de três elementos: ar, água e fogo. “Todos cativantemente envolvidos de se ver, pois são usados de forma sútil e harmoniosa”, confessa o artista. Mas este não é o único talento de BySTRESS, ele também ler mãos. Abaixo um bate-papo bem descontraído sobre o seu trabalho.

- Quem cria os personagens e como é esta criação?
Eu mesmo crio com muita fantasia, café e música ...mas muita cafeína mesmo... Através de um tour corro meio mundo, e esse multiculturalismo encontro nas lojas locais. Por vezes quando entro nessas lojas, as pessoas pensam que me enganei ou que esteja a procura de indicações, mas encontro materiais novos que uso na criação de novas performances. Como eu olho para as coisas de uma forma diferente, visualizo o pormenor e a qualidade. Trata-se de metamorfoses ou até num sentido mais poético uma “Fénix Renascida”. A busca de novas texturas, brilhos, materiais é um exercício contínuo.

- Quais os personagens mais fáceis e os mais difíceis de fazer?
Hi Tech é o mais complicado e Snowman é o mais fácil. Mas os que causam mais impacto por onde passa são Oxygenitrogen e Snowman.

- Algum segredo de maquilagem?
Perguntei o mesmo ao David Copperfield.

- Qual foi o primeiro personagem que criou?
Wow, bom, foi Firestarter.

- Onde você já apresentou?
Melhor onde não em apresentei… em anúncio publicitário (risos). Já percorri todos os continentes, só a energia e alegria das pessoas fazem o nosso coração transbordar de alegria.

- Onde foi a sua primeira apresentação?
Foi em 93 no Pacha de Ofir…imagine era tão, tão… ui sei lá…fofinho (risos).

- Onde foi à última?
Última não há…. Nunca parei e nunca vou parar (risos)… eu entendi... Bom foi no Pacha Ofir. Abertura de Verão. Agora, a próxima será em Taipei, Taiwan.

- Qual foi o lugar que você mais gostou de se apresentar e por quê?
Ana não é fácil, pois estive com Marie Carey em Moscovo num evento privado, no Burj Al Arab no Dubai e no segundo maior edifício do mundo seguido do Pentágono. Bom, há momentos que nos marcam claro, mas devo dizer que além destes foi mesmo estar a trabalhar para 190 mil pessoas na Coruna, Espanha no Xacobeo Festival.

- Quantas apresentações você já fez no Brasil?
Quatro, mas tudo indica que vá fazer um tour em todo o Brasil para uma brand muito conhecida. Secret bem 50% secret.

- Quais são os planos agora?
Em setembro vou lançar a minha nova performance – Humaled. É algo direcionado pras novas tecnologias e também para as brand. Criei e tenho uma agência de performers em nível mundial e sou responsável pelo booking e projeção destes no mercado internacional (para quem quiser saber mais acesse http://www.mixup.pt/). Tenho todos os fins de semana artistas, desde a Korea a República Dominicana, ou seja, todos os performers numa só agência isso é fantástico, pois assim conseguiremos abrir muito mais portas de mercado que anteriormente onde existia competitividade.

BySTRESS tem, em seu portifólio, as seguinte performances: Butterfly, Cubicx, Dream Ballon, Fire Starter, Flower, Hi Tech, Leaf, Merlyn, Oxygenitron, Plasmatronic, Snowman, Sun, White Dream e agora a Humaled. Se você quiser dá uma espiada, poderá acessar os endereços abaixo:
http://www.bystress.com/
www.youtube.com/bystress
www.myspace.com/bystress
http://twitter.com/BySTRESS

22 de julho de 2009

Point Break


O filme Point Break, no Brasil traduzido como Caçadores de Emoção, é uma conciliação perfeita entre esportes radicais e assalto a banco. Nada mais é do que uma gangue de ladrões de banco que se autodenomina “Os Presidentes”. Seria um filme comum de assalto a bancos se não fosse o detalhe de que tais ladrões são surfistas. Daí o título da película que, num bom inglês, trata-se de uma gíria usada no mundo do surf com o significado “praia de ondas perfeitas com fundo de pedra”. Na cola do grupo há o FBI que destaca um jovem agente para, disfarçado de surfista, descobri quem são os maus feitores. Assim temos de um lado Keanu Reevis (Johnny) como o agente do FBI e Patrick Swayze (Bodhi) como líder da gangue. Beldades de tirar o fôlego à parte (justiça se faça!), além das atuações brilhantes dos personagens principais, temos um roteiro que mistura uma boa dose de ação com o dilema do envolvimento e amizade entre o que rotulamos “bem” e “mau”. As doses de ação ficam por conta das cenas com os esportes radicais, em algumas gerando certa tensão. E sobre o dilema vivido pelos personagens, as cenas da descoberta da real turma de larápios e a cena final traduzem toda esta contrariedade vivida pelo personagem de Keanu Reevis. Aliás, diga-se, o final é maravilhoso. Mas também vale à pena prestar atenção nas seqüências de ação feita pela diretora Kathryn Bigelow: a da perseguição a pé em ângulo subjetivo e a do agente que pula do avião sem pára-quedas para perseguir o bandido. Não tão distante e, mesmo para aqueles que não entendem nada de surf, como eu, ver as cenas das ondas gigantes engolindo os atletas é a tradução mais real do que um surfista pode sentir perante a grandeza da mãe natureza, ou, no mínimo, é curioso. O filme agrada as mocinhas e marmanjões por questões óbvias: enquanto uns suspiram pelas beldades outros entretém com as aventuras radicais. Então, estando de bobeira num dia chuvoso ou nem tão chuvoso assim, é uma boa opção de entretenimento sem compromisso de um drama mais profundo.

21 de julho de 2009

Peter Lik


Com tantos anos trabalhando em agencia de publicidade, propaganda e promoção, já tinha ouvido falar do trabalho de Peter Lik, este artista autodidata e politicamente correto. Mas passeando pela Lincoln Road (Miami) tive oportunidade de apreciar, quase que extasiada, o verdadeiro tributo a natureza. É, no mínimo, uma inspiração a potencia e beleza do que denominamos “Mãe Terra”. O trabalho de Lik é límpido, claro, colorido e instigante. São ângulos de visão perfeitos. Conhecido pela arte panorâmica e capacidade de captação da luz natural, o artista, aos 25 anos de carreira não só abre outra galeria em Las Vegas no Caesar’s Palace com a obra intitulada “Luz Espiritual”, como também compila suas imagens no “25th Anniversary Book” que terá o lançamento oficial em setembro. O livro conterá 580 páginas e será feito em papel reciclado. Ponto para o moiçolo! Se quiser saber mais de Lik, era aconselhável navegar no seu site http://www.peterlik.com/. Estando lá, não deixe de ver os vídeos no Artist’s Promo, as imagens do Death Valley são imperdíveis.

17 de julho de 2009

O Mago

Fernando de Morais conseguiu se superar em “O Mago”. Com um excelente trabalho de pesquisa, ele envolve o leitor até a última página. É bom que se diga que são 630 páginas. É claro que na contracapa do livro, a editora já avisa que se trata de “uma história que nem os roteiristas mais criativos seriam capazes de sonhar”. E, de fato, você nem precisa chegar ao meio do livro para já querer sair criando o roteiro deste que seria um maravilhoso filme. E a história, de fato surpreende. O Mago é eletrizante, claro o suficiente para entender a grandeza do personagem e recheado de detalhes de vida, sejam eles imparciais ou nem tanto imparciais assim. É prudente deixar claro que Fernando revolucionou a biografia no Brasil. Escreveu entre eles “A Ilha”, “Olga” e “Chatô, o rei do Brasil”. E “Olga” transformou-se no filme do diretor Jayme Monjardim. Para fazer jus ao trabalho do escritor, além do Brasil, “O Mago” está sendo publicado em mais trinta países.


O personagem? Um menino que nasceu morto, mas transformou-se num escritor universal. Paulo Coelho. Por toda a minha adolescência ouvi falar que Paulo Coelho tinha sido um drogado, um quase louco antes de fazer o sucesso que fez com os seus livros. Li, aos meus quinze anos, os famosos livros “O diário de um mago”, “O alquimista” e “Brida”. Parei de ler, pois senti a necessidade de me reciclar e busca novos desafios nas minhas leituras. Fernando Morais mostra-nos no livro que loucos mesmos foram os pais de Coelho ao interná-lo em um hospício por que o filho fugiu do comportamento social padrão da época. Pura insanidade, diria. Mas o livro nos desvenda sempre algo a mais. Apresenta-nos Paulo Coelho viajando e, com duplo sentido, as viagens mentais dele sobre os mais diversos assuntos, bem como com as drogas. Fala-nos de um crítico perfeito e voraz devorador de livros, mas também nos põe diante de um maconheiro com suas contradições sobre abortar ou não abortar. Coelho já negou Deus e quase foi para o lado do Diabo, ou pelo menos, o conheceu de perto. Identificado por subversivo pelo Dops, o escritor passou por poucas e boas. Quando trabalhava na indústria fonográfica, admitiu sua arrogância e, do sucesso à decadência no mundo do showbiz, acabou-se por se envolver com vampirismo. No ziguezaguear da vida, desanimou-se e animou-se por diversas vezes no objetivo de ser um escritor famoso. Foi bígamo e declarou certa feita na revista Playboy tal bigamia, mas, sob uma condição: aceitou a reciprocidade de tais atos, preferiu não divulgá-la, como todo homem machista. Por tudo que passou nunca se deixou esmorecer na sua busca de ser um escritor famoso. Foi nesta batida que se consagrou nos EUA e França, deixando de ser “apenas uma excentricidade latino-americana e virou um fenômeno literário”. Enxurrada de criticas sempre o perseguiu: dos jornalistas aos intelectuais. E como disse Jorge Amado, “a única coisa que leva a intelectualidade brasileira a atacar Paulo Coelho é o sucesso que ele faz”. Virou tese de mestrado e doutorado. O Mago é plural como a vida e singular como o personagem. E, com certeza, daria um belo filme!


Comentários à parte, um ponto que gostaria de destacar é a coragem de um escritor da fama internacional de Paulo Coelho, deixar-se mostrar por inteiro: com qualidades e defeitos, mas principalmente como ser humano. Só entenderá o que digo quem realmente leu (ou ler) o livro, pois não é qualquer celebridade que, em vida, se expõe e deixa-se transparecer desta forma. Ainda mais ele que já recebeu e foi alvo de critica profissional, passará, possivelmente para muitos, pelas criticas pessoais. Isso é, no mínimo, corajoso! Então, em minha modéstia opinião, você não precisa gostar dos livros ou da leitura de Paulo Coelho para ler este livro, pois “O Mago” é uma visão à parte. A leitura certamente vale à pena!

Para quem quiser saber mais sobre o personagem: http://www.paulocoelho.com (Website), http://www.paulocoelhoblog.com e http://www.myspace.com/paulocoelho (Blogs).

15 de julho de 2009

Capítulo 13

Os feirantes berravam aqui e acolá numa sinfonia quase que combinada. Os tomates e quiabos, num leve contraste com as cenouras e brócolis tornavam-se musicais naquela gritaria desenfreada. O cheiro de pastel exalava na entrada. Ou ao fundo. Tudo dependia da direção que os xepeiros ou não xepeiros adentravam na feira. Verdadeiros indícios de óleo queimado que só aos mais famintos ou desejosos por tal iguaria fazia-se cheiro e não fedor. Era sábado. E como todo sábado que se prezasse, a Mourato Coelho fervia numa confusão descomedida entre pedestres e carros. Na Inácio, como carinhosamente é chamada a Rua Inácio Pereira da Rocha, o trânsito tornava-se lento como que quisesse provar que o famoso bairro boêmio da cidade era tão irrequieto quanto à Avenida dos Bandeirantes às seis horas da tarde de uma sexta-feira. Sofia parou na barraca de pastel e pediu um de pizza. Ah! E manda uma coca-cola normal também. Pediu. Se for pra enfiar o pé na jaca, então, que se enfiem os dois. Pegou a lista de Mahya e deu uma passada de olho. Incluiu nela mentalmente uma tapioca de coco. Para ela, lógico. Quando deu a primeira dentada, sentiu seu estômago, num gesto de gratidão, ir até a lua e voltar pulando de tanta felicidade. Bebeu um gole de refrigerante. Revirou os olhos. Na segunda dentada, Sofia sentiu uma mão suave em seu ombro. Virou-se lentamente. Deparou-se com um sorriso que há muito não via. De boca cheia, simulou um falso grito e um abraço verdadeiro em Carla. Magra e comprida, loira e de pele queimada do sol, Carla era uma colega de infância de Sofia. Moraram na mesma rua. Estudaram no mesmo colégio e na mesma classe. Dividiram inseguranças de adolescentes, mas quando foram para a universidade, se afastaram. Sofia, com toda sua loucura, fez faculdade de moda e concluiu. Carla, considerada a mais certinha das duas, passou na faculdade de marketing, cursou um ano, trancou e foi mochilar na Europa. Elas não deviam ter se visto para mais de oito anos, não sabiam ao certo. Carla abraçou Sofia na mesma intensidade.

As amigas eram elogio puro. Sofia, mulher, você está linda! Carla estava diferente, tinha encorpado mais, porém o jeito manso de chamar a todos de “mulher” não tinha mudado. E você ta gostosona pra caralho, hein, Carlinha! As amigas cansaram de tanto se elogiarem e quiseram saber uma da vida da outra. Pediram pastel e refrigerante e foram colocando o papo em dia. Não se sabe ao certo quantas horas as duas ficaram conversando próximo à barraca de pastel, mas a certeza de que a japa da barraca já sabia tudo da vida de uma e da outra, isso elas nem tinham mais dúvidas. Sofia pediu para que a amiga acompanhasse ela nas compras de Mahya antes que virasse “Dona Xepa”. A feira foi percorrida com toda maestria e intimidade das duas paulistanas. Conversaram com um feirante aqui e pechincharam com o outro logo mais à frente. Já quase no final das compras, quando acabaram de pagar o peixe, Carla andando para trás pisou, sem querer, na pata de um cachorro. O ladrado do bicho foi tão sentimental que fez Sofia abaixar, largar as compras no chão e acariciar a cabeça do vira-lata numa forma de tentar pedir-lhe desculpas. Carla, um pouco sem jeito, olhava para os lados como quem pedisse desculpas ao dono do cão, como se este existisse. Oh! Carla, olha só o olhinho de pedinte dele... Quando Sofia levantava-se, o cão afanou-lhe uma sacola que estava dando sopa no chão e saiu desembestado correndo pela feira. Impulsiva, Sofia saiu correndo atrás do cachorro como se este tivesse lhe roubado uma mina de ouro. Carla gritava pelo nome da amiga e os feirantes completavam a confusão berrando ora em apoio a Sofia, ora em apoio ao cão. Alguns minutos depois, Sofia voltara de encontro à amiga portando apenas uma sacola de feira vazia nas mãos. Sofia ria muito. O safado só me deixou a sacola! As garotas ainda tentaram saber se o cachorro tinha dono. Alguns feirantes informaram que ele só aparecia em dia de feira, outros ainda diziam que ele não tinha dono e poucos arriscavam que ele fosse vegetariano. Um cachorro ladrão e vegetariano? Era só o que me faltava! Sofia comentava com a amiga ainda dando muita risada do acontecido.

O que não tinha remédio, remediado estava, então, Sofia correu a lista e descobrira que o cão tinha, de fato, levado, a sacola cheia de legumes. Vai ver que os feirantes têm razão, o bicho é adepto mesmo da dieta vegetariana. Voltou e comprou o que o larápio tinha lhe furtado. Sofia, mulher, eu não podia imaginar que ao te encontrar, nós fossemos ter grandes emoções em tão poucas horas – disse Carla. Nem eu, amiga! As amigas se despediram com a promessa de se falaram e fazerem coisas de mocinha juntas para matar o que o tempo jamais tinha embaciado. Sofia andava de volta para casa e com a sensação de que algo te seguia. Olhou para trás e não viu nada. Pensou que fosse algo de sua imaginação. Na distração, tropeçou, mas não caiu no chão. Lembrou do cachorro roubando-lhe a sacola, divertiu-se. Se eu tivesse caído, ele roubaria a sacola novamente, pensou. Mais alguns passos e, Sofia sentiu como se algo tivesse lhe chicoteando as pernas. Parou para ver o que era. Deu risada, não acreditou: era o rabo do ladrão. O que você está fazendo aqui? Ele olhava pra ela e continuava a balançar o rabo. Não caiu mais nessa não, saí. Tentou espantá-lo. Pensou como o cão podia ser tão cara de pau. Balançou as mãos para que o barulho das sacolas o afugentasse. Ele recuou um pouco, mas seu olhar ainda fixava Sofia. Ela desistiu de brigar com ele e voltou a andar como se nada tivesse acontecido. Ele calmamente, como se não tivesse ocorrido absolutamente nada, seguia Sofia. Uma hora ele cansa. Pôs-se a andar. Vez em quando olhava e ele ali: firme e forte. Ela foi vencida pela canseira dele. Quando chegou a casa e que meteu a chave na porta, o canídeo latiu. Desta vez, um latido de alegria. Fechou-lhe a porta na cara, mas ele ficou ali, do lado de fora sentado, como se esperasse uma chance para se redimir. Sofia abriu um pouco a cortina e ele sentado estava, sentado ficara. Pensou que esquecê-lo seria uma boa alternativa e foi à procura de Mahya para contar o acontecido na feira.

14 de julho de 2009

A Proposta


Em "A Proposta" (The Proposal), Sandra Bullock é Margaret uma chefe poderosa, mas nada amada pelo escritório da editora de livros em que trabalha. Andrew (Ryan Reynolds), seu assistente, somente a suporta porque espera por uma fatidica promoção. Margaret é canadense e como deixou seu visto expirar, em breve será deportada. A solução é casar-se com um cidadão americano. E advinhem quem ela escolheu para esta empreitada?


Sandra Bullock lidera as bilheterias aqui nos EUA pela primeira vez em 10 anos com esta comédia romântica e desbanca o filme "The Hangover", que arrecadou mais de 8 milhões de dólares na última sexta-feira, de acordo com a Warner. Trata-se de um filme leve e gostoso que a gente já sabe como termina. Sandra está ótima!

13 de julho de 2009

Michael Jackson


Um dos preitos mais lindos que tive acesso neste turbilhão que está sendo a morte de Michael Jackson foi o da “Florida Review Magazine” deste mês. Simplesmente nos presenteou com uma edição em homenagem ao ídolo de toda uma geração com, nada mais nada menos, uma capa (e o miolo também) contendo a ilustração do talentoso Romero Brito. Ao retratá-lo, Brito, com toda certeza transmitiu a admiração e respeito por este artista do qual, concordem ou não, marcou uma geração e trilhou a história na música. Inclusive com repercussão mundial. O que eternizará Michael Jackson é o legado que ele deixou para esta arte: uma perfeita mescla de pop, soul e rock. De fato, acredito que eu não seja a única, mas não agüento mais a mídia perpetuando o seu, já conhecido, sensacionalismo com a morte do mito. Em tempo seria prudente deixá-lo, agora, descansar em paz.

11 de julho de 2009

Luis Fernando Veríssimo


Luis Fernando Veríssimo, jornalista e escritor gaúcho, recebeu o “Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura” pelo conjunto de sua obra, não é para menos, com tanto talento sobrando e reconhecido por seu olhar humorado e sagaz voltado ao cotidiano e às relações humanas, esta iniciativa do Governo traduz o que todo brasileiro gostaria de fazer: reconhecê-lo.

Apenas para informação, nesta segunda edição, o Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura recebeu cerca de 900 inscrições provenientes de diversos estados do Brasil. Os prêmios somaram R$ 212 mil, divididos entre as quatro categorias. O filósofo mineiro Reni Andrade, recebeu por seu romance “Lugar” o prêmio disputado por outros 160 inscritos na categoria Ficção. Já na categoria Poesia, a mais concorrida, com 674 trabalhos, quem venceu foi o cearense Eduardo Jorge de Oliveira, pelo título “A lingua do homem sem braço”. A estudante de Letras na UFMG, Maria Zilda Santos Freitas, teve seu romance ainda não publicado, “Insetos”, contemplado na categoria Jovem Escritor Mineiro.

10 de julho de 2009

A mulher do atirador de facas

Esta ficção de Nilson Villas Boas, do ano de 1988, tem todos os ingredientes de um bom filme: dilemas com conflito claro e preciso, diálogo muito ousado, bem ambientado, pistas e recompensas claras e, uma trilha musical perfeita para a situação. Além disso, um elenco talentosíssimo: Carla Camuratti, Ney Latorraca e Rosi Campos. É a tal história: o amor pode ser uma faca afiada, principalmente se for com outro colega de trabalho. Uma tensão maravilhosa. É aquela coisa: “Deus não falha, mas também Deus não atira facas”. Todos os já citados ingredientes e um verdadeiro show de interpretação, não poderia deixar de resultar numa película única. E olha que ela não foi produzida por agora, mas é ainda tão atual. Como não é bom “acreditar em tudo que você ouve”, então, assista este curta e tire suas próprias conclusões. Além do mais, “Violenta” ou “Violeta” quem decide o final é você!


8 de julho de 2009

Senhora




Clássicos são sempre clássicos, mas um dos meus prediletos é Senhora de José de Alencar. Um livro que teve sua primeira edição em 1875 e uma mensagem, ainda hoje, pra lá de moderna: condenação ao casamento de conveniência, males e perigos da educação artificial da época, ambiente falso dos salões e tantos outros subenredos em questão. Pena que em tempos de escola, quando somos obrigados a lê-los não damos, muitas vezes o devido valor a estes autores memoráveis... mas antes tarde do que nunca!

5 de julho de 2009

Boundin

Esta animação nos mostra claramente o conflito de um personagem com o seu “eu” nu e cru. É como se mostrasse a importância da capa que todos nós levamos, de algum jeito, conosco. Eu fico imaginando as pessoas que não sorriem porque seus dentes estão podres. Ou, ainda dos carecas que insistem em usar aquelas perucas que claramente são cabeleiras e, acabam por nos convencer de que aquilo realmente é, de fato, cabelo próprio e verdadeiro. É mais ou menos como Boudin se sente. Mas nada como superarmos quaisquer obstáculos e nos adaptarmos, hein?! Esta animação tinha que ser da Pixar.

4 de julho de 2009

Valentine's Day

Em tradução literal, Valentine’s Day significa Dia dos Namorados nos EUA. Então, por pura curiosidade comecei a assistir este short film dos estudantes da New York Film Academy. Nos primeiros minutos, parecia-me bobinho, mas continuei, pois a linguagem visual estava interessante e diferente da maioria dos filmes P&B que tenho assistido nos últimos tempos. A música também é linda, resolvi continuar. No final, me surpreendi com a película. É de uma extrema sensibilidade e simplicidade que nos pega de calça curta. Assista e veja o que acha.

3 de julho de 2009

Jussara Silveira e Rita Ribeiro - Maria, Mariazinha (no show "Três Meninas do Brasil")

Quem não conhece Jussara Silveira, muito provavelmente só ouviu axé na vida. Jussara é de uma geração de cantores baianos, onde, boa música faz parte do MPB’s Daily. Jussara é da turma do estilo de Dorival e, aqui, no show “Três meninas” ela fala da importância deste ícone para a música brasileira.

Neste vídeo Jussara junta-se a Rita Ribeiro no belíssimo dueto em que cantam e dançam graciosamente "Maria, Mariazinha", samba de Aloísio Ventura. O espetáculo foi registrado no dia 24/08/2008, no Teatro Municipal de Niterói.





Jussara Silveira - A Volta de Xanduzinha
E, se você curtiu esta apresentação, então, veja este clip de Jussara em “A volta de Xanduzinha”. Há de concordar que é música das boas...

1 de julho de 2009

Maria Rita

Não há como negar que filha de peixinho, peixinho é. Como passei a minha adolescência inteira ouvindo Elis Regina, apreciar o talento de Maria Rita não é difícil, principalmente quando ela canta músicas que registram histórias e culturas brasileiras. Então, deixe-se levar com a empolgação do público na “Virada Cultural 2009” em São Paulo e preste atenção nesta letra clássica "Não Deixe o Samba Morrer".


Hamlet


Se vocês fizerem uma busca no Google sobre este filme encontrarão uma extraordinária variedade de diretores que se embrenharam por esta tragédia. Mas o Hamlet dirigido por Laurence Olivier ganhou três estatuetas: melhor filme, melhor direção de arte e melhor ator. Assim, me aterei aos comentários deste que, para mim, foi uma das melhores adaptações de roteiro. Digo e repito: uma das melhores adaptações de roteiro. Nele, temos um personagem central falível, humano, atormentado com obstáculos internos e externos, e, ao mesmo tempo, um personagem inteligente e sensível. Um verdadeiro estudo para a psicologia. Em tempo, este mesmo Hamlet que busca a vingança pela morte do pai, não consegue agir a não ser quando se é tarde demais. Os diálogos criados por Shakespeare, diga-se de passagem, são de uma modernidade incrível que conseguem transpor a barreira do tempo e se tornarem atuais. Quem, em pleno 2009, não usou as expressões There is something in the state of Denmark (Há algo de podre no reino da Dinamarca), There’s the rub (Eis o xis do problema) e a mais famosa delas To be or not to be, that’s the question (Ser ou não ser, eis a questão). Pronto, o filme tem um excelente roteiro. Eu tenho de confessar que me causaram estranheza os elementos visuais. Mais parecia que estava assistindo uma peça dentro de um filme do que um filme propriamente dito. Perdoem-me, mas mesmo que eu dê um desconto pelo filme ter sido de 1948, ainda assim há algo de podre no reino da Dinamarca. De qualquer forma, vale à pena ver este filme para se tocar por um dos personagens mais famosos de Shakespeare.