15 de dezembro de 2009

Sexo, mentiras e videotapes


Escrito e dirigido, na época, por um estreante, a película Sexo, mentiras e videotapes é discreto, mas tem uma predominância de diálogos pra lá de perpicaz e humorada. Os diálogos são irônicos, assim como a trama, são simples, mas fluem com naturalidade. Uma história com um drama bem particular, mas que poderia acontecer em qualquer boa familia. A escolha da profissão e do que cada personagem faz é perfeita. Apesar de ser um filme que se afastou categoricamente da corrente Hollywoodiana, ele não é lento.


A história é deliciosa, diria. Ann uma mulher adorável, porém neurótica, casada com John um homem bem sucedido na vida e extremamente egoísta. John tem um caso com a sua cunhada, Cynthia, e o casal não faz amor, em parte por culpa de Ann que se convence que não é muito chegada ao sexo. Neste universo, entra Graham, amigo de John e igualmente neurótico, impotente e que filma confissões privadas de mulheres. Tematicamente, a história gira em torno da mentira: Ann que mente para si própria o tempo todo, John que mente para Deus e o mundo, Cynthia que mente de modo muito diverso e Graham que é um mentiroso patológico em fase de recuperação. Desde o inicio, o filme faz excelente uso da ironia dramática como elemento central. Não há nada na história que não pudésse ter acontecido. Quase não tem ação, efeitos especiais, nenhum grande astro envolvido, nem elementos tradicionais propícios a uma boa bilheteria, mas ele encanta porque é uma história com a qual o público se identifica. Porque? Porque simplesmente é bem contada...