18 de fevereiro de 2011

Kynodontas

O filme grego Kynodontas (2009) - traduzido como Dogtooth nos Estados Unidos e ainda sem tradução para o Brasil, mas podemos traduzí-lo por Canino ou ainda Dente Canino - nos traz desconforto e incomoda com uma metáfora sobre a educação contemporânea. O diretor Yorgos Lanthimos, premiado na secção Un Certain Regard, em Cannes, foi consagrado no Estoril e está dando muito o que falar. O filme é bem estruturado, os personagens são interessantíssimos do ponto de vista conceitual e da sua própria construção. Através de um retrato de família, que vive isolada, o diretor capta o lado doentio das sociedades contemporâneas. Na história, três adolescentes que vivem numa casa isolada aos arredores de uma cidade estão prestes a entrar na fase adulta. A casa tem uma alta cerca que os filhos nunca puderam ultrapassar. Eles são educados, entretidos, entediados e exercitados da maneira que seus pais acham correto, sem nenhuma interferência do mundo externo. O único contato que mantém com o exterior é através de Christina, uma empregada contratada para favores sexuais ao filho e que trabalha como segurança no escritório do pai. Toda a família gosta dela, em especial a filha mais velha. Um dia, Christina dá a ela uma tiara que brilha no escuro e pede uma outra coisa em troca. É o suficiente para que o mundo deles seja, então, questionado. A película concorre aos Oscar 2011 como Melhor Filme em Lingua Estrangeira. Pelo olhar conservador da Acadêmia talvez não ganhe, mas podemos considerá-lo como um bom filme.